A vitória de Fernando Lugo nas eleições presidenciais paraguaias demonstra, mais uma vez, que os povos latino-americanos continuam a apostar nas mudanças. Evidente que tal fato não significa que a classe trabalhadora e a maioria do povo tornaram-se revolucionários, mas que despertaram da secular passividade e, percebendo-se agentes da história, depositam suas esperanças nas grandes transformações. Sabem que é chegada a hora de dar um basta ao servilismo terceiro-mundista e da aceitação inerte à despudorada entrega de nossas riquezas ao seio do imperialismo, com a miséria espalhando seus tentáculos cruéis pelos quatro cantos do continente.
Assim, vai tomando forma na América Latina a possibilidade de uma unidade que possa levar à reconquista da dignidade de nossos povos. Contudo, tal unidade e o conseqüente respeito que será imposto aos nossos algozes imperialistas somente se dará com a consciência das classes trabalhadoras, do papel que representam, sua efetiva organização e disposição de luta, a impulsionar os governantes a sobrepor aos interesses mesquinhos, o fortalecimento de objetivos comuns que atendam aos anseios populares e de defesa dos patrimônios nacionais.
Infelizmente, a chama da efervescência popular chega ao Brasil ainda de forma tímida, talvez conseqüência da frustração que tomou conta de amplas camadas organizadas dos trabalhadores com um governo que, traindo seus compromissos históricos, elegeu os latifundiários e banqueiros como seus aliados preferenciais, enquanto oferece aos desvalidos as variadas bolsas-migalhas que os mantém vivos, mas subserviente ao governo e refém de sua política assistencialista, sem voz própria na escolha de seu destino.
Que os bons ventos que sopram sobre a América Latina espalhem por toda ela a faísca revolucionária que resgatará a dignidade pela qual muitos lutaram e morreram no transcorrer da nossa história, afinal, como diz a canção de Chico Buarque e Pablo Milanés “a história é um carro alegre cheio de um povo contente que atropela indiferente todo aquele que a negue”.
Arthur Monteiro Junior – monteiroarthur@uol.com.br – advogado trabalhista
quarta-feira, 23 de abril de 2008
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